terça-feira, 7 de abril de 2009

Adeus a um amigo (2001 a 2009)

Adeus a um amigo

Leia esse artigo ao som de:
"In the arms of the Angels" (Nos braços dos anjos)

São 4:17 da manhã. Mais uma noite que não consigo dormir direito.
Ainda assim, se eu pudesse, segurava essa noite em minhas mãos por muitas horas mais. Faria isso pra tentar entender o que aprender disso ou simplesmente pra estender o tempo de um amigo ao meu lado.

Eu tô desolado.
Nosso cãozinho, meu amigo, meu companheiro - o Venâncio - está indo embora... Ele está muito doente.

Ele contraiu um vírus destruidor, cinomose em poucos dias ele passou do saltitante bagunceiro da casa para uma versão triste de criança dependente e doente. Algo triste de ver e acompanhar.

Primeiro pensamos que era só tristeza pela perda de um amiguinho dele, o Jerry Lee, nosso outro vira-latas lindo, doce (e bagunceiro).
E os dois eram pura alegria. Ao jeito deles, eles brigavam e brincavam o tempo todo. Mas de repente seu amigo se foi, por força do acaso ou da irresponsabilidade humana. Animaizinhos não são brinquedos ou bibelôs, são seres vivos. Quando decide-se ter um cachorro, deve-se saber que isso é uma decisão muito importante. Algumas pessoas não pensam nisso. Vão pensar depois, quando se vêem irritadas com as pequenas travessuras deles, com falta de espaço ou com seus próprios umbigos que falam mais alto que o amor aos animaizinhos.

Mas essa é outra história.

Velando seu sono

Hoje estou aqui, sem sono, sem rumo, sem poder ajudar em nada meu amigo. Isso me deixa com uma sensação horrível, um aperto no peito daqueles que trazem angustia e tristeza.
Eu sempre acho que posso resolver tudo com sensatez, justiça e força de vontade. Mas nesse caso, não posso fazer nada. Isso me incomoda.

Ele começou a ficar triste. Parou de brincar e foi ficando quieto. Até ai não nos preocupamos tanto. Mas depois piorou, começou a perder o equilíbrio, começou a perder o apetite, começou a ficar isolado num canto. Doeu ver essa doença comer ele por dentro, roer sua personalidade alegre e estraçalhar com sua vontade de brincar, ser feliz e fazer tudo que um cãozinho gosta de fazer.

Ontem ele ainda tava andando, mas agora tô aqui olhando pra ele, embrulhado num pano, deitado aos meus pés, com o pescoço esticado pra trás como se quisesse mesmo sair daquela posição, mas sem ter forças. É quase manhã. Eu o olho. Eu paro, deito ao lado dele, sinto seu calor. As vezes ele abre os olhos, direciona-os pra mim contorcendo-se em minha direção, olhos fixos nos meus, mas na verdade, sinto que ele não me vê mais em alguns momentos.

A doença atrapalhou seus sentidos e sua consciência.
Ainda tentamos chamá-lo com a mesma “vozinha” meiga de quando brincávamos com ele. Ainda tentamos chamá-lo pra ir passear. Ainda tentamos fazer carinho na barriga dele, esperando que ele levante a perna como fazia até dormindo. Mas com nada disso conseguimos vê-lo reagir ou nos sentir ao lado dele.
Não sei se ele consegue nos senti aqui. Queria que sentisse.

Dias e noites de dedicação

Agora estamos em dias terríveis, tentando os últimos tratamentos pra fugir da sugestão dos veterinários de aplicar já a eutanásia. É a decisão mais difícil que já tomei. Autorizar que o matem ou vê-lo sofrer com nossas tentativas. Não vamos poder demorar muito a tomar essa decisão, mas não é fácil sequer pensar nela.

O que tento fazer pra passar a longa noite é escrever e pensar nele. Vi dezenas de fotos dele em meus álbuns e é incrível como, mesmo sem ter as mesmas facetas humanas, eles possuem várias expressões que demonstram tantos e tão maravilhosos sentimentos.
Posso ver em várias fotos e mesmo em minha memória seu rosto a sorrir, chorar, demonstrar tristeza, esperteza e até mesmo uma felicidade por momentos simples como um simples passeio a noite na rua deserta ou um pedaço de carne roubado das nossas mãos.

Está tudo tão vivo em minha memória, mas tudo tão distante, que quase demoro a entender que ele ainda está aqui, ao meu lado. Talvez porque eu saiba que as horas estão contadas. São tantos os seus jeitos, trejeitos, manias e bagunças.

Aqui, vendo uma sombra do que ele foi, lembro-me bem de tudo que vivemos. Todos momentos simples, mas que marcaram esses oito anos de amizade, igualmente sincera e simples.

Não quero esquecer todas as suas manias e gracinhas

Ele nunca soube andar na rua ao meu lado. Quando o soltávamos ele disparava, ficava elétrico, olhar atento quando dava suas raras paradas. Era lindo ver seus pelos ao vento o tempo inteiro. Cheirava tudo, pulava calçadas, se jogava no mato alto da praça, pisava em poças de água e provocava todo e qualquer cachorro que encontrava mais comportado. Eu o deixava, sem bronquear, sem me preocupar. O deixava correr até cansar e deitar ao meu lado no chão, cansado, esperando a hora de ir embora.

Ele nunca soube brincar de morder com cuidado. Era claro que estava a brincar, suas mordidas eram gentis, mas doídas. Eram gentis pra ele, mas pra nós, sempre deixavam marquinhas do seu carinho exacerbado.

Ele nunca soube dividir. Era ciumento, rosnava quando outro cachorro vinha ao nosso colo ou nos pedia atenção. “O Reinaldo é meu, o Reinaldo é meu”. Isso deixava ele maluquinho quando dito pela minha sobrinha. Era só ele estar no meu colo e alguém mexer comigo ou falar essa frase e ele mostrava os dentes e cercava território mostrando quem manda. É, eu era dele naquele momento.

Algumas manhãs que eu ficasse um pouco mais na cama, lá vinha ele aproveitar minha preguiça. Parava em frente a cama e ficava me olhando. Pedia com aqueles olhos grandes que eu só desse um pequeno sinal pra ele subir. E eu dava. Ele subia pro meu rosto, como a me afagar, mas depois repousava aos meus pés.
E assim era aos sábados, com minha mania de tirar um cochilo a tarde, lá estava ele esperando a hora certa pra passar o finalzinho da tarde comigo, enrolado em minhas pernas.

Sinto-me feliz pela forma como tratamos ele. Ele foi muito amado por todos nós, até pelo meu pai que é mais durão, mas ainda assim o amava.

Poucas vezes briguei com ele. Mesmo quando ele mastigava minhas coisas. Mesmo quando ele mastigou uma caneta mouse caríssima, ainda assim eu o abracei e dei a caneta pra ele terminar de comer enquanto eu pensava em quanto gastaria de novo.
Eu não o enxotava quando vinha a minha cama todo sujo ou molhado do banho a pouco tomado. Eu não falava alto quando ele pulava em meu colo se eu estava de roupas passadas pra ir trabalhar. Eu não o afugentava se ele me roubava um pedaço de chocolate das mãos ou bebia meu suco que deixava no sofá da sala.

Ao menos eu o tentei entender e o aceitei do jeito dele.

E mesmo quando ele tomava uma bronca ou outra, saia de rabos encolhidos, orelhas baixas e olhos tristes, ainda assim, 10 minutos depois ele vinha pulando se somente sorríssemos pra ele. Maldade alguma no coração e um amor incrível pra nos dar, o tempo todo e em qualquer momento que precisássemos.

Ele moldou a todos. Aquele cachorrinho peludo de olhar sapeca fez todos em casa mostrar seu lado criança. As vezes ele perseguia meu pai e dava uns botes como se disse: “Hei vovô, olha pra mim”.
Ele fazia minha mãe o tratar como uma criança e só com a força do seu carinho convenceu ela a chamá-lo de netinho. “Vem com a vovó” dizia ela sem nenhum pudor.

A noite ele passeava com meu pai. E parecia saber a hora certa.
E a qualquer hora do dia parecia que entendia quando falávamos a palavra “passear” ou “vamos”.

E quando eu o colocava em cima da estante. Ele ficava lá olhando como um príncipe cuidando de nós e esperando por colo pra descer. E quando colocávamos roupas nele, roupas de cachorro ou mesmo nossas maluquices inventadas. Ele andava torto com botinhas de lã, esperando pacientemente que tirássemos aquilo. Ele nos perdoava nossa falta de tempo, de atenção em alguns momentos e até nossa falta de compreensão e paciência. Ele nos perdoava sempre, mesmo quando nós achávamos que estávamos certos. Ele era sempre amor, carinho e dedicação.

Como pode um animal irracional ser tão carinho, tão intenso, tão cheio de amor para nos dar?
Não pode, a quem quiser entender um cão como um animal irracional, essa pergunta nunca será entendida.

Eles são anjos e temos que aprender a reconhecê-los como tal

Por vezes feliz por tê-lo tentado entender, as vezes fico triste comigo mesmo. Triste pelas coisas que não fiz por ele. Triste pelas coisas que queria fazer por ele e pelas coisas que nem sei que o fariam bem.

Eu queria ter levado ele pra ver o mar. Seria incrível ver aquela criança pulando na água, fugindo das ondas a beira mar e se enchendo de ária molhada. Eu não o levei na minha empresa. Eu queria, queria muito, mas nunca achava que tinha tempo. Essa maldita corrida pelo sucesso que nos fecha os olhos para as coisas pequenas importantes da vida. Eu queria ter levado ele mais vezes para o campo, para um sítio grande e vê-lo correr de novo pelo mato, brincar com as vacas e se encantar com as borboletas. Eu queria ter deixado ele ser mais cachorro mais vezes e esquecer de exigir comportamentos adequados dele. Eu queria saber que o fiz feliz. Até acho que o fiz, mas hoje, agora, vendo aqui ao meu lado, imóvel e no fim da vida, só consigo me culpar por não ter feito mais por ele. Queria tê-lo aceitado mais, tê-lo deixado ser mais criança e ser com ele também, criança, feliz e simplesmente um menino com seu cachorro.

É assim que me sinto agora, mas sei que essa culpa vai passar e vou entender que toda nossa família o amou muito.

É assim que me vejo, criança e inocente, por um instante sem pensar desejando que a lágrima que cai do meu rosto sobre o pelo dele se transforme em brilho e, como nos filmes, milagrosamente o fizesse levantar de repente pra lamber meu rosto, vivo, feliz e eterno amigo.

Mas não é assim que funciona. A vida tem começo e fim. Nossos amados entram e saem da nossa vida no tempo que tem que ser.
Dizem que as pessoas passam por nossa vida, cada uma delas, por um motivo e se vão por já terem cumprido sua missão conosco. Acredito que nossos amigos caninos assim o são também. Ele se vai e hoje não consigo tranqüilizar meu coração, mas sei que o tempo cuidará disso.

Sinto que ele está indo embora...

Eu estou achando incrível a dedicação da minha irmã, mas com toda a vontade de ser forte e resolver tudo que eu possuo, descobri que algumas coisas eu não tenho forças pra fazer. Vê-lo nesse estado me dói. Quero acreditar que ele vencerá a doença, mas não tenho forças pra tranqüilizar-me com isso.

Estou aqui escrevendo pra passar o tempo, pra ocupar a longa noite, pra driblar a angustia, pra me preparar pro pior. Enquanto busco conforto nas palavras, enquanto tento me confortar, enquanto busco egoísta sossegar meu coração, lembro-me dele. E ele, o que pensa? O que passa? O que sofre?

Incrível, mesmo nesse momento, entendo que ele pensa em mim. E em me confortar.

Por quatro vezes ele repetiu um gesto e só na última entendi. Ele me ouvia soluçar de choro, levantava a cabeça, tremula pela doença, desnorteado pelos medicamentos, olhar distante pela falta de consciência. Na última vez prestei atenção e o vi. Ele olhou direto pra mim, dificultoso encontrou meus olhos e soltou um som de dor quase como uma criança a chorar baixinho e então voltou a deitar a cabeça só quando ganhou minha atenção.

Com isso senti que, mesmo nessa situação, ele me dizia: “Eu ainda estou aqui. Mas nossa história acabou, estou sofrendo. Me deixa ir.....”

Aquele cachorrinho de pelos brancos e cinza, vira-lata misturado com poodle, bagunceiro e indisciplinado, carinhoso e preguiçoso, chegou na nossa família em 2001. Ele foi meu amigo, foi da família, foi nosso companheiro e foi um pedaço de inocência e pureza em nossas vidas. Ele foi de todos nós, não tinha dono, todos o queriam, todos os amavam. Ele foi nosso, mas acima de tudo, ele foi feliz, foi terno e teve a vida que queria, apenas a vida simples de um cachorro amado. Ele se foi em 03 de Abril de 2009.

No último instante, minha irmã, que o amava como a um bebê, demorou a soltá-lo. Ela deu seu último adeus a ele em forma de abraço terno e carinhos ao rosto. A ela ele deu o último olhar e suspiro de despedida. Minha mãe se encarregou de nos conscientizar que ele foi muito amado por todos nós. E eu o levei embora, mas não sem antes passear com ele pela praça que sempre corríamos aos sábados ouvindo as músicas que ele gostava com o rosto pra fora do carro e cabelo ao vento.

O que ele me ensinou eu não consigo descrever ou escrever. Mas no mais simples dos gestos, ele me fez lembrar, em todos os dias de nossa convivência, que existe uma criança eterna dentro de nós que deve ser regada sempre. Uma criança que ama seu cãozinho sim, que fala docemente com ele, que brinca de rolar no chão e se lamber o rosto.

Muito obrigado meu amigo. Você veio para nos fazer pessoas melhores. Nunca deixarei desaparecer essa criança que me ensinou a ser.

Reinaldo Luz Santos
04 de Abril de 2009

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Corra! Fuja da TV agora mesmo!

Isso mesmo. Corra. Fuja da frente da TV agora mesmo! Ela vai abduzir sua inteligência, radicar seus planos e sugar cruelmente seu tempo!

Tudo bem, o título é tão pragmático e apelativo quanto a estratégia dessa grande mídia. Mas já faz algum tempo eu tenho falado aos amigos sobre minha visão caótica – não nova nem diferente da de muitos outros - a respeito da TV e o incrível poder que ela tem de fabricar imbecis em massa.
Sim. Parece exagero, mas ainda que eu não precise, inicio esse texto de protesto e alerta com algumas frases de pessoas que partilham dessa indignação. Vejam.

Opinião de quem vê a TV sem máscaras, nua e cruel

"A TV é um entorpecimento físico e mental constante" - Professor Valdemar Setzer

"TV, a máquina de fazer doido’ - Cronista Sérgio Porto

"TV, a mais fantástica máquina de imbecilização jamais criada" - Sociólogo Betinho

"A TV está formando gerações de débeis" - Waldo Frank

Não o advento da TV por si só é o vilão dos cidadãos ou carrasco de seus futuros, mas as organizações que dominam a direção de seus conteúdos. Essas sim, trazem em cada boa intenção, cada simples entretenimento o desejo obscuro de puro lucro, a qual custo seja.
Não que seja um absurdo total. Nem bebo aqui de fontes comunistas. O capitalismo move sim a economia, desde a indústria até as artes. E acho até que assim deve ser. Mas enquanto desfrutam as grandes de suas conquistas, por não dizer merecidas, a grande massa em sua imensa maioria se perde, se anestesia e vê os anos passarem sem terem feito suas histórias.

O poder da TV é incrível e percorre livre como galhos a crescer sem freios por conta de um poder dado por nós mesmos. Quem assistiu o obrigatório “Cidadão Kane – de Orson Welles” vê uma história que é tão próxima de ser verdade que bastaria trocarmos alguns nomes. Vale também assistir ao documentário produzido pela BBC de Londres em 1993 intitulado de “Muito Além de Cidadão Kane”. Menos pela qualidade da produção, mais pelos fatos abordados, o documentário vale a pena. Ele foi proibido no Brasil na época, mas é muito interessante e pode ser encontrado no Youtube ou Vídeo Google na integra.

A salvação é nos darmos chance de sermos provocados

O principal problema da TV, falando aqui dos péssimos conteúdos não construtivos, é que ela nos entrega tudo. Sim, há produções ótimas. Há obras de arte visual e mirabolantes de êxtase sonoro merecedores de prêmios. Há entretenimento de qualidade. E há até diversão de bom gosto. Mas na grande maioria a TV, infelizmente e falando principalmente da TV aberta, é lixo puro. Lixo que nos consome o que mais temos de precioso, o tempo. Tempo que poderíamos usar com experiências reais, com crescimento, com planos e principalmente com momentos ao lado de pessoas que nos são importantes!

Quantas vezes você não se viu por minutos seguidos (ou até horas) zapeando por canais até dar voltas e voltas pelos canais? Já passou por isso? E já pensou em quanto poderia estar criando?

Isso me lembra muito da música dos mutantes: “Não vá se perder por ai”

Quando lemos um livro, somos obrigados a criar o universo abordado pelos tempos propostos em nossa mente. Desde a ambientação aos acontecimentos e pessoas. Quando ouvimos música de qualidade apuramos nossos sentidos reconhecendo cada tom ou mesmo vivendo pura e simplesmente a melodia. Quando buscamos estudar um assunto somos provocados a pensar, a buscar, a repensar e aprender com cada novo fato ou idéia proposta. Quando nos alimentamos de arte somos instigados a entender, sentir a obra, perceber sensações. Quando consumimos conteúdo de qualidade estamos nos dando a chance de crescer com cada experiência, com cada nova informação.

Já com a TV, na grande maioria dos casos, recebemos entregue e embalado tudo para engolir. A notícia é lida, o ponto de vista é ditado, o argumento sequer é explicado. Toma. Engula. Não mastigue, aceite.

E assim, perde nosso cérebro, que achando estar ao descanso por pouco tempo, deixa mesmo de exercitar-se por horas, dias e anos seguidos.
Perde nossa cultura, que achando estar se enchendo de informação, está se esvaindo de volume extra de conteúdo inútil.

Um show de ilusionismo com nossos planos

A TV é com certeza um constante show de ilusionismo com nossos planos. De frente a ela, como que por mágica, esquecemos nossos problemas, nossas angustias, nossas mágoas. Uma maravilha. Mas junto esquecemos também nossos planos, metas, nossas missões e nossa vida inteira. Vemos passar nossa vida nos intervalos das novelas, filmes classe B e noticiários banhados a desgraça.

Peço a pizza no intervalo. Discutimos quando acabar a novela. Te ligo quando acabar esse bloco. Tomo banho e saio quando acabar o último capítulo. E assim a vida segue. Ou não segue.

A fofoca do dia, a repetição do mesmo enredo repaginado na novela nova, a notícia mascarada nos interesses do patrocinador. Tudo que nos fere a inteligência a um apertar de botões. O suspense, a atenção prendida, o próximo desenrolar da trama. E assim vamos pagando caro por truques de terceira.

Comemos cebola todos os dias como se fossem maçãs

Ó santo BBB! Valei-me Pablo dos tempos modernos do Qual é a música! Ouvi-me santa receita da piada aceita da Zorra Total. Ó virgem platéia que a tudo aplaude. Santo seja o seu nome jaz foragido João Kleber de todos os suspenses.

Quem somos nós sem o riso gravado de todos os sábados e a miséria repaginada de todas os jornais da noite.

Os conteúdos pobres e o insulto constante a nossa capacidade de requerer desafios hipnotiza-nos. Perdemos horas de nossas vidas sem saber que há um mundo inteiro de desafios a nossa frente. Um mundo que nos fará crescer, evoluir e construir nossa própria história.
A cada minuto que ficamos em frente a TV babando elogios as novas tecnologias, efeitos, estrutura e talentos não paramos para pensar que lá estão pessoas fazendo suas histórias. Ainda que aqui seja minha pisoteada, a TV é feita de profissionais talentosos e competentes que estão conquistando seu espaço e tocando suas vidas. E você, caro e guerreiro leitor, já pensou em quantas horas de TV foram jogadas fora pra ver a vitória dos outros?

A TV hipnotiza, separa os conscientes dos suscetíveis a estímulos e marcas. A TV pega seus planos e o faz, você mesmo, guardá-los na gaveta. Ela rouba suas horas e seus dias gradativamente, lentamente, até que um dia você não reconheça mais suas metas ou sequer pense em ter alguma.

Reciclar idéias pra que se nossa mente está tão aberta para todo lixo possível?

É senso comum. É ditado antigo. É sabedoria oriental. É fato!

“Você é o que consome”

Sua mente é uma bolsa aberta a tudo que puder nela colocar. Seu dia a dia, seu vocabulário, sua educação, sua sabedoria, sua forma de tratar o mundo e as pessoas. Sua visão sobre as dificuldades, sobre as bênçãos da vida e sobre toda a vida. Tudo. Tudo que és e como age perante o mundo é reflexo de como sua mente aprendeu a reagir.
O que colocas em sua bolsa é o que tem para usar nos momentos que necessitar. O que te pede a vida, você retorna com o que tem em sua mente. O conteúdo com que preenche sua mente é o delicado material que constrói sua vida e suas oportunidades.

A cada ano a história se repete. Quem me alertou para isso a alguns anos foi o escritor, palestrante e ilustrador Luciano Pires em sua campanha “Brasileiros Pocotó” e “Vamos depocotizar o Brasil” baseado no – digamos - “sucesso” da época Éguinha Pocotó. A indignação de Luciano perante ao hit que embalava festas, programas de TV e carros no transito foi tamanha que ele criou essa campanha pra chamar a atenção para o absurdo. Ao menos para mim funcionou. Eu realmente percebi, ainda que já sabedor da péssima influência desse tipo de conteúdo, que o problema era muito maior do que se via.

Mais fácil seria culpar a grande mídia, mas a grávida estava no fato de que a população, ao dar audiência a esse tipo de cultura lixo, incentivava a mídia a investir nisso e assim mais vemos todo o tipo de besteirol ganhar força das grandes emissoras. E isso vira uma roda que não pára nunca de girar, a não ser que acordemos para o problema.

Socorro. Tem uma TV no meio da minha sala

Colocaram uma TV (na verdade umas duas ou três) em cada casa. E assim, passam miséria, morte e todo tipo de atrocidade, dia e noite. Ah, e passam banalidades também, claro, pra possamos esquecer um pouco das atrocidades e comprar os produtos que alimentam a máquina toda!

Infelizmente eu a maioria dos meus amigos crescemos com um aparelho de televisão apartando nossa família entre o almoço do jornal da tarde e o jantar da novela das oito. Sentimentos engasgados, falta de tato com afagos, uma leve brisa de distanciamento fraterno se fez solene e presente por anos, até que não entendêssemos a diferença entre a proximidade física da emocional.

Talvez seja quase impossível quantificar o que perdemos em questões afetivas e amadurecimento dos sentimentos quando falamos dos anos de fronte a TV em troca dos mesmos anos em conversas familiares ou entre amigos. Ainda lembro-me de tardes inteiras na casa dos meus avôs onde ouvia ao fundo galinhas, cachorros e o badalar dos sinos de vacas, misturados ao velho som da sessão da tarde que me parecia imperdível mesmo estando em férias no lugar mais mágico que vivi minha infância. Felizmente lembro-me também – e felizmente – que um sopro de sabedoria ou de inquietude me tirava em poucos minutos daquela mecânica e exaustiva rotina. Em pouco tempo estava eu a furtar ovos, conhecer xingos do papagaio e sujar meu ki-chute na lama do quintal da minha avó.

E hoje, que vontade eu tenho de roubar dos meus sobrinhos algumas horas, mas é cruel a competição com Barbies animadas a computação gráfica e mini-astros de Hollywood. Sem querer parecer o neurótico da vez a caçar alienígenas e jurar fantasmas, o que eu faço com esse invasor no centro da minha sala?

Onde colocamos a bomba que acaba com todo esse lixo?

Não. Não é simples assim e nem justo seria. A TV – e toda sua estrutura – não é a única responsável. E nem o conteúdo tampouco, não é todo execrável e dispensável. Está dentro de nós mesmos barrarmos esses campeões de audiência trash. Antes de pensarmos em juntar o lixo do mundo cultural em um estádio e colocar fogo, o melhor e mais sensato é cuidarmos de nossa casa, de nossa mente.

O fato de que nossa história não está sendo construída já é argumento suficiente para fugirmos da TV, mas se cada um de nós selecionar melhor o que cabe em nossas vidas, o que entra em nosso subconciente, o que será visto em nossa TV, com certeza conseguiremos forçar uma reviravolta na criação de conteúdos da TV. Ou no mínimo, assistiremos de longe a criação de muitos outros alienados tendo a certeza que ao menos nós teremos nos salvado dessa caixa escura.

A TV – não a parafernália, ma tudo que ela representa e entrega – é uma droga viciosa das mais perigosas. Ela vicia por baixo incrível e lentamente nossos patamares de evolução. Ela envenena e destrói fatalmente nosso tempo. Ela congela nossa vida e polui nossa cultura. E pior de tudo, ela hipnotiza, alucina e distorce a visão dos nossos planos, nos deixando a mercê da sorte, sem metas, crescimento e evolução.

Por isso, correndo o risco de parecer paranóico, ciente inclusive da minha – já pequena – mas resolvida dependência dessa droga, eu lhes digo: Corra! Fuja agora mesmo. Desligue a TV e ligue-se na vida!

quinta-feira, 26 de março de 2009

If There Is Something - Roxy Music

Cena do filme REFLEXO DA INOCÊNCIA (Flashbacks of a Fool) com o clássico "If There Is Something”, do Roxy Music. Sensacional a cena. Tocante o filme!!


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If There Is Something

Se há algo que eu poderia encontrar
Olhe ao redor cantos
Tente encontrar paz de espírito eu digo
Onde é que você vai se você estivesse comigo
Tente manter uma reta curso não é fácil
Alguém especial olhar para mim
Uma certa reação encontramos
O que ele deveria tentar ser eu quero dizer
Se houver muitas
Significado do mesmo
Seja específico apenas um jogo

Eu faria qualquer coisa para você
Gostaria de escalar montanhas
Gostaria de nadar todos os oceanos azuis
Gostaria de caminhada de mil milhas
Revelar meus segredos
Mais do que suficiente para mim para compartilhar
Gostaria de colocar rosas ronda nossa porta
Sente-se no jardim
Crescer batatas pelo escore

Agite seu cabelo garota com seu rabo de cavalo
Leva-me de volta (quando eram jovens)
Jogue seus preciosos dons para o ar
Veja-os cair (quando eram jovens)
Levante seus pés e pô-los sobre o solo
É usado para caminhar sobre (quando eram jovens)
Levante seus pés e pô-los sobre o solo
As colinas foram superiores (quando éramos jovens)
Levante seus pés e pô-los sobre o solo
As árvores eram mais altas (quando eram jovens)
Levante seus pés e pô-los sobre o solo
A grama estava verde (quando eram jovens)
Levante seus pés e pô-los sobre o solo
É usado para caminhar sobre (quando eram jovens)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Dica de Filme: O Curioso caso de Benjamin Button

O filme "O Curioso caso de Benjamin Button", com Brad Pitt, Cate Blanchett e Tilda Swinton, dirigido pelo diretor David Fincher de "Seven", escrito por Eric Roth - roteirista de Forest Gump e levemente baseado no conto de F. Scott Fitzgerald - com toda essa bagagem - conta a interessante história de um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo ao longo da vida.
O filme já se diferencia pelos efeitos especiais tão perfeitos que podem passar despercebidos. Com certeza mereceu o oscar de melhor maquiagem. A fotografia lhe remete a época de uma forma criativa em sintonia única com a trilha sonora. Mas o que me cativou mesmo no filme foi que ele não explorou as alternativas mirabolantes que uma situação como essa, rejuvenescer, poderia causar. O roteiro corre por fatos reais, ao estilo de Forest Gump, e mostra Benjamim aprendendo com a vida tendo de se adaptar com o caminho inverso que faz a todos os que conhece e ama.
A cena que mais gostei, dentre muitas outras, é a que mostra um postal para uma pessoa (que não posso falar quem) da trama quase no final. Fica ai mais essa dica e quando forem assistir, preparem-se! São quase três horas de filme!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Conhecendo um Pouco Sobre: " GEORGE CARLIN "

RESUMÃO

Período em que viveu: 1937 a 2008

Sua história e principais feitos: George Denis Patrick Carlin foi um comediante, ator e autor norte-americano, pioneiro, com Lenny Bruce, no humor de crítica social. A sua mais polémica rotina chamava-se "Sete Palavras que não se podem dizer em Televisão", o que lhe causou, durante os anos setenta, vários dissabores, acabando preso em inúmeras vezes que levou o texto a palco. Seu trabalho era ácido e único. Temas sérios tratados com um humor inteligente e hirônico.

Até meados da década de 1960, Carlin manteve uma imagem tradicional, com fato e cabelo curto. Depois, ao escrever novo ato, decidiu deixar crescer o cabelo e a barba, tornando-se um ícone da contracultura. Crítico acérrimo das religiões, ateu convicto, principalmente do sentido da culpa e do controle social, defendia valores seculares.

Morreu em um hospital de Los Angeles de paragem cardíaca, depois de, nos últimos 20 anos, ter passado já por um enfarte e duas cirurgias ao coração. Sobrevive-lhe a sua segunda mulher e sua filha.


VIDEOS FAMOSOS

Vejam nos videos abaixo algumas visões diferentes e polêmicas sobre temas como aborto, religião, ecologia e outros.
Assistam, mas antes, calma! Não precisam concordar, mas é sempre bom conhecer outros modos de pensar. Ou no mínimo assistam de mente aberta para rirem um pouco. É realmente muito bom!

Religiões
http://www.youtube.com/watch?v=JGwAEhkmsSU


Salve o Planeta
http://www.youtube.com/watch?v=X_Di4Hh7rK0


Aborto
http://www.youtube.com/watch?v=opJA5r_9TxQ


Experiências Comuns
http://www.youtube.com/watch?v=jwclDz4j_6k

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E rasgam a noite...

Cabelos soltos em que me perdi a brincar. Olhos profundos em que me encontrei a mergulhar.

Plin-Plin! Sorria!